Stavigile aumenta a inteligência e é seguro, dizem cientistas
Pesquisadores de Oxford e
Harvard concluem que a modafinila (Stavigile) turbina cérebros
saudáveis, com efeitos colaterais raros e brandos
Caixa de Stavigile, da Libbs Reprodução: Internet |
A notícia caiu como uma bomba na imprensa internacional. Ontem, 19 de
agosto de 2015, pode muito bem ter sido um marco na maneira como
entendemos o cérebro e a inteligência humana. Foi a primeira vez que uma
medicação psiquiátrica foi entendida como "segura e eficaz" para
turbinar o cérebro de quem não tem nenhum problema de saúde.
Cientistas fizeram uma meta-análise (isto é, uma revisão de vários
estudos na literatura científica) e chegaram a uma sentença final: a
modafinila é capaz de aumentar o poder intelectual de pessoas saudáveis.
A modafinila, que é o princípio ativo do medicamento Stavigile (da
Libbs) é indicado para tratar a sonolência diurna excessiva. Mas, na
realidade, é mais usado por estudantes e executivos que querem virar
noites ou lidar com a privação de sono, e não por doentes.
Quem usa o Stavigile?
Esse uso fora das indicações da bula vem explodindo nos últimos dias. Aqui, no Turbine seu Cérebro, já
fiz uma entrevista com profissionais e estudantes sem qualquer problema
de saúde, mas que usaram o Stavigile como "melhorador cognitivo" Dá só uma olhada no gráfico abaixo:
Uso off-label da modafinila é muito superior ao uso on-label, isto é, das indicações da bula. Fonte. |
Harvard e Oxford confirmam as experiências dos usuários da modafinila: ela consegue, sim, turbinar o cérebro |
De fato, 1 em cada 5 estudantes das universidades britânicas já usaram a modafinila. No Brasil, não temos estatísticas desse tipo a Folha de São Paulo apurou que
Ritalina, Ritalina LA, Concerta, Venvanse (remédios para déficit de
atenção) e o Stavigile venderam, juntos, 2,16 milhões de caixas no
Brasil entre julho de 2014 e julho de 2015.
Até hoje, relatos de que o Stavigile era capaz de aumentar a memória, a
atenção e potencializar a capacidade intelectual eram, bem, somente
relatos. Especulação e subjetividade. Nada que encontrasse peso
científico. Até hoje.
Mas a meta-análise publicada no dia 19 no jornal European Neuropsychopharmacology não
deixa mais dúvidas. Os cientistas deram a sentença: a modafinila é,
sim, capaz de aumentar significativamente a inteligência de pessoas
saudáveis. Agora, o uso do Stavigile como otimizador do desempenho
intelectual ganha peso científico.
E os nomes desses cientistas tem peso. Quem avaliou e revisou todas as
pesquisas sobre a modafinila, feitas entre janeiro de 1990 e dezembro de
2014 foram o doutor Ruairidh Battleday e a doutora Anna-Katharine Bram
da Universidade de Oxford e a da Faculdade de Medicina de Harvard.
Sentença final: Stavigile turbina o cérebro
A modafinila não fez diferença nenhuma na memória operativa ou na
flexibilidade de raciocínio. Mas a droga conseguiu aumentar o
planejamento e a capacidade de tomar decisões. E isso deve significar
muito para estudantes submetidos a testes de múltipla escolha.
Medicação tem poucos efeitos colaterais, dizem pesquisadores
E os efeitos colaterais? Aí está. A modafinila foi considerada segura pelos pesquisadores.
Os estudos revisados demonstram que o Stavigile tem efeitos colaterais
mínimos. Quando ocorriam, esses efeitos eram insônia, dor de cabeça,
dores no estômago e náusea (e, às vezes, reportados até mesmo nos grupos
placebo...).
Nas palavras do doutor Ruairidh Battleday: "Quando testes cognitivos
complexos são usados, fica claro que a modafinila tem um efeito
confiável na cognição". E a doutora Anna-Katharine Brem diz: "Por ter
muitos poucos efeitos colaterais, a modafinila pode ser considerada um melhorador cognitivo".
Questão puramente ética
Será que, no futuro, o Stavigile vai ser como o "cafezinho" de hoje? A pesquisa de Oxford e Harvard nos diz que a medicação é eficaz em pessoas saudáveis. Agora, basta ser aceita. A questão é ética. |
E agora? A ciência acabou de creditar à modafinila o título de
"turbinador cerebral", capaz de genuinamente ajudar, por exemplo, com a
preparação para provas. O estudo desses dois pesquisadores inaugura uma
nova era, que requer um amplo debate social - e urgente.
Nós já entendemos que somos capazes de aumentar nosso poder cerebral
usando fármacos. Cientificamente, a discussão está fechada: a modafinila
aumenta a inteligência de pessoas saudáveis. A única discussão que
resta é se a sociedade vai mesmo continuar no caminho da
"neurocosmética" ou se entraves éticos irá deter essa tendência.
Por que não colocar essa indicação, cientificamente reconhecida e embasada, na bula? Essas são perguntas que cabe à sociedade e não à ciência discutir e responder.
Mas o debate tem que ser feito logo. A modafinila não é, por enquanto, regulamentada para "turbinar o cérebro". Então, a droga só pode ser conseguida para esse fim no mercado negro. Guy Goodwin, presidente do European College of Neuropsychopharmachology: "Se há uma demanda para a modafinila e pessoas prontas para pagar pelo remédio, então um mercado ilegal será criado".